Informações
- Página Inicial
- Comunidade
Comunidade
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, março de 2020), a renda média de uma mulher negra hoje no Brasil corresponde a 42% de um homem branco. Entre pessoas de 25 a 44 anos de idade, o percentual de mulheres brancas com ensino superior completo é 2,3 vezes maior do que o de mulheres pretas ou pardas. No que se refere a violência, o cenário é ainda pior. Segundo o Atlas da violência IPEA – 2018, a taxa de homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras. Nesse cenário, destacam-se as mulheres da região do Aglomerado da Serra, região Centro-Sul, em Belo Horizonte e que possui cerca de 65 mil habitantes (CENSO/2010). As mulheres desse lugar, de maioria negra, além desses desafios do próprio território, enfrentam outros problemas decorrentes do racismo e do machismo estrutural como o baixo acesso a oportunidades de estudos, emprego e geração de renda. Os serviços públicos existentes muitas vezes encontram dificuldades de abordagem para essa realidade tão específica e desafiadora enfrentada pelas mulheres, jovens e adultas. Nesse sentido, a Coletiva tem sido procurada tanto pelo CRAS, quanto por escolas municipais, para prestar consultoria ou serviços que contribuam no atendimento a este público. A formalização jurídica da Coletiva viabiliza que essas parcerias se concretizem, mas ainda há o desafio burocrático que envolve processos de contratação. A continuidade e ampliação das ações da Coletiva de forma autônoma contribui com as mulheres, ao orientá-las no acesso a esses serviços, ao mesmo tempo em que oferece ações que complementam suas oportunidades de acesso e direitos.
Este terrítório já viveu altos índices de homicídios devido às guerras do tráfico de drogas, embora, o “Aglomerado da Serra em 2023 completa mais de 500 dias sem registrar assassinato, a PM atribuiu a conquista a um conjunto de fatores, principalmente à parceria com a comunidade; sociólogo diz que os homicídios vêm caindo em toda a capital (ITATIAIA 2023)”. Esta queda tem influência de ações socioculturais vinda de dentro da comunidade, pois este território ao longo de sua existência têm construído estratégias de afirmação e resistência por meio da formação de redes de apoio sociocultural, onde a arte local com sua pluralidade de linguagens culturais e potencialidade ganha destaque e premiações dentro da comunidade e na cidade e fomenta uma identidade local que difere dos estereótipos da violência, além de fomentar a prevenção da criminalidade. O Aglomerado da Serra é considerado um dos grandes pólos culturais de Belo Horizonte e reúne samba de roda mineiro, pagode, capoeira, funk, soul, cultura hip hop, entre várias outras manifestações artísticas em um caldeirão cultural que se tornou referência em Belo Horizonte (UFMG 2021).
No local facilmente é identificado o desenvolvimento cultural onde grupos e artistas individuais de renome ou amadores como Marquim de Morais, Grupo de dança Identidade, Bloco Seu Vizinho, a Coletiva Mulheres da Quebrada que nasce por meio de mulheres artistas que utiliza a arte como meio para provocação de diálogos e mudanças sociais, entre outros, e pela existência de Centros Culturais públicos e privados promovem arte, educação, esporte e lazer por meio de oficinas, dança, músicas, poesia marginal, literatura, teatro, mostras, produções audiovisuais, intercâmbio cultural, judô, entre outros. Na maioria das vezes ofertada ao público de modo gratuito, fomentando assim a democratização do acesso à cultura para a população periférica.